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Fernanda Lopes de Almeida, autora de clássicos da literatura infantil brasileira como “A Fada que Tinha Ideias”, “A Curiosidade Premiada” e “Soprinho”, que venceu o prêmio Jabuti, morreu aos 96 anos.
A morte ocorreu há cerca de um mês, no dia 27 de dezembro, mas só foi confirmada nesta quinta, dia 25, pela Ática. A editora publica as obras de Almeida há cerca de 40 anos e conta com 17 de seus livros no catálogo, entre histórias autorais, traduções e adaptações.
Nascida no Rio de Janeiro e também psicóloga, a escritora costumava ser reclusa e avessa a aparições públicas, mas fez parte de uma geração de escritores que revolucionou a literatura para a infância no Brasil, sobretudo a partir dos anos 1970.
Ao lado de outras mulheres, entre elas Lygia Bojunga, Elvira Vigna, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Tatiana Belinky, Marina Colasanti, Stella Carr Ribeiro e Maria Clara Machado, por exemplo, Almeida publicou histórias que não tinham medo de questionar valores estabelecidos, abordar temas considerados tabus e fugir das narrativas tradicionais, da preocupação educativa e da moral maniqueísta.
Sua estreia na literatura ocorreu com dois livros lançados quase simultaneamente, em 1971. “Soprinho” apresenta um menino mágico, feito de fumaça, que guia outras crianças por um bosque encantado. O título foi premiado com o Jabuti de melhor livro infantil naquele mesmo ano.
Já “A Fada que Tinha Ideias” talvez seja a obra mais famosa da escritora. Nela, conhecemos Clara Luz, a fada que não quer saber do Livro das Fadas e que vive inventando coisas novas e imaginativas , como bolinhos de luz e chuvas multicoloridas.
Outra protagonista feminina surge em “A Curiosidade Premiada”, que conta a história de Glorinha, menina que não para de fazer perguntas e incomoda todo mundo com essa mania. Até que vem o veredito e o diagnóstico —ela tem curiosidade acumulada. A obra foi premiada pela APCA, a Associação Paulista dos Críticos de Arte, em 1978.
“As histórias precisam ter as duas dimensões da pessoa humana: a realidade interior e a exterior, o de dentro e o de fora, a realidade e a fantasia”, disse Almeida numa conversa com a Folha em 1979. “Afinal, as bruxam que andam soltas por aí não são diferentes daquelas que estão dentro da gente.”
Após outros lançamentos, como “Gato que Pulava em Sapato”, a autora adaptou “A Fada que Tinha Ideias” para o teatro em 1982. E, depois disso, parou de publicar livros. Voltou apenas em 2005, com “A Aranha, a Dor de Cabeça e Outros Males que Assolam o Mundo”, uma coletânea de 15 histórias inspiradas em La Fontaine.
Numa rara entrevista recente, dada à revista Crescer, em 2013, quando lançou “O Rei Maluco e a Rainha Mais Ainda”, a escritora afirmou que se afastou dos compromissos literários durante duas décadas, mas que não deixou de escrever durante esse período.
Até porque vinha de uma família de nomes ligados à literatura. A autora era neta de Júlia Lopes de Almeida, que, em 1896, ajudou a criar a Academia Brasileira de Letras ao lado de nomes como Machado de Assis e chegou a integrar a lista dos primeiros 40 imortais da instituição, mas acabou excluída depois, dando lugar a seu marido, o poeta e jornalista Filinto de Almeida. Na época, a ABL decidiu proibir a entrada de mulheres na instituição.
“Fernanda Lopes de Almeida deixa uma vasta produção que marcou gerações, obras que foram adaptadas para o teatro, que receberam os mais importantes prêmios brasileiros e que formaram muitas crianças. É uma perda grande para a literatura infantil do país”, afirmou Laura Vecchioli do Prado, coordenadora editorial de literatura da Somos Educação, grupo do qual a Ática faz parte atualmente.
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Fonte: Uol