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Imagine uma cidade qualquer. Ubatuba, digamos.
Ubatuba fica no litoral. No litoral tem muita plantação de banana.
Agora suponha que algum espertalhão de Ubatuba resolva vender banana em seu restaurante. Simplesmente banana. Crua. Na casca.
A banana custa R$ 79 e faz um sucesso tremendo no bar do espertalhão. Outros bares o imitam e passam a servir banana.
O zum-zum-zum sobe a serra e, quando se vê, já tem um fluxo de turistas viajando a Ubatuba apenas para comer banana.
A prefeitura declara que a banana é patrimônio imaterial da cidade. O Brasil inteiro reconhece a banana como prato típico de Ubatuba.
Historinha idiota e inverossímil, né?
Agora imagine outra cidade qualquer. São Paulo, digamos.
Suponha que algum paulistano compre pão e mortadela na padaria coloque a mortadela no meio do pão, venda o pão com mortadela, aí o pão com mortadela desse paulistano faz tanto sucesso que passa a ser reconhecido como prato típico de São Paulo.
Calma lá. Isso aconteceu de verdade.
Sem entrar no mérito da desproporção grotesca do sanduíche do Mercadão –já bati demais nessa tecla–, você alguma vez parou para pensar o absurdo que é São Paulo ser conhecida nacionalmente por algo tão simplório quanto o pão com mortadela?
Justo São Paulo, que nutre a presunção de ser a capital mundial da gastronomia.
Pão com mortadela sequer pode ser considerado um prato. Não tem elaboração alguma. Não tem culinária, não tem receita. É primitivo como uma banana na casca.
E ainda assim o celebram como criação gastronômica. Outros restaurantes o homenageiam com releituras, a indústria alimentícia celebra a mortadela como se fosse uma iguaria.
Não faz o menor sentido.
São Paulo pode não ser a capital mundial da gastronomia. Mas manda bem na comida, tem bastante rango da hora aqui. São Paulo merece mais do que pão com mortadela no imaginário da nação.
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Fonte: Uol