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Não foi nem preciso acompanhar o anúncio de indicados à 96ª edição do Academy Awards, o Oscar, na manhã desta terça-feira (23) para saber o que aconteceria —”Oppenheimer” dominaria as indicações, com 13 menções.
“Barbie”, com oito, também não foi surpresa. E tampouco será quando perder as principais categorias para a biografia da bomba atômica. Amostras da perda de força do filme sobre a boneca da Mattel já foram dadas nesta manhã, com Margot Robbie ficando de fora da corrida de melhor atriz.
Sua indicação era dada como uma obviedade, diferente da de Greta Gerwig em direção, como sempre uma categoria superlotada. Como prêmio de consolação, America Ferrera emplacou, inexplicavelmente, sua candidatura ao prêmio de atriz coadjuvante, apesar de todas as suas limitações e da presença de gente como Julianne Moore, de “Segredos de um Escândalo”, na fila.
Antes forte concorrente para bater de frente com “Oppenheimer”, “Barbie” parece relegado às categorias técnicas, enquanto “Pobres Criaturas”, com 11 indicações, engrandece.
Ainda há tempo para o complexo jogo de xadrez travado por executivos de estúdios, estrelas e publicitários, já que a cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood acontece apenas no dia 10 de março, mas já é possível cravar que o tema da festa será a previsibilidade.
É difícil pensar em algum concorrente explodindo os planos de Christopher Nolan, hoje franco favorito em melhor filme, direção, ator coadjuvante e num bom conjunto de categorias técnicas. O improvável blockbuster que fez US$ 952 milhões de bilheteria no ano passado virou queridinho ao mostrar que há salvação para o cinema mais maduro e autoral —ao menos o de grandes proporções.
“Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, que já foi seu grande concorrente, hoje parece acumular posições simbólicas entre os indicados, com dez. Na ala de surpresas da lista, Leonardo DiCaprio ficou de fora da corrida de melhor ator, por um dos melhores trabalhos de sua carreira.
Não fosse por Lily Gladstone —até ela ameaçada por Emma Stone, de “Pobres Criaturas”—, talvez seu destino fosse o mesmo de outro pilar do cinema americano, Steven Spielberg, que no ano passado não converteu nenhuma das sete indicações de “Os Fabelmans” em estatuetas.
O longa também foi preterido em melhor roteiro adaptado, em que era dado como certo, mostrando a força que “Zona de Interesse”, que ficou com sua vaga, vem ganhando. Ao falar de uma família de nazistas que supervisiona um campo de concentração, o filme de Jonathan Glazer agrada a uma parcela de votantes que vê na Segunda Guerra um celeiro inacabável de tramas para o cinema.
Entre as surpresas das indicações estão ainda a ausência de Charles Melton em ator coadjuvante, por “Segredos de um Escândalo”, que chegou a ameaçar o favoritismo de Robert Downey Jr., de “Oppenheimer”, e o acirramento de uma hostilidade com o estúdio de animação da Disney.
Seus dois projetos feitos para celebrar seu centenário, “Era uma Vez um Estúdio” e “Wish: O Poder dos Desejos”, ficaram de fora de melhor curta-metragem em animação e melhor animação, respectivamente. O segundo, para piorar, não conquistou nem menções de canção original, mostrando que a volta ao passado promovida pelo desenho não despertou o saudosismo pretendido.
E, apesar de não serem exatamente surpresas, é bom ver categorias como a de melhor filme com três produções dirigidas por mulheres —”Anatomia de uma Queda”, de Justine Triet, “Barbie”, de Greta Gerwig, e “Vidas Passadas”, de Celine Song—, ainda mais quando uma delas consegue puxar, também, uma lembrança em melhor direção, no caso de Triet.
Nesta ala, Scorsese é o único americano, reforçando a tendência de os membros da Academia —que viu 93 nacionalidades entre seus votantes neste ano, um recorde, como comemorou a presidente Janet Yang— estarem mais atentos a produções e talentos de outros territórios.
Além dele e da francesa Triet, concorrem os britânicos Jonathan Glazer, por “Zona de Interesse”, e Christopher Nolan, por “Oppenheimer”, e o grego Yorgos Lanthimos, por “Pobres Criaturas”.
Mas esta cerimônia deve ser, novamente, uma de previsibilidade e também de revisionismo. Indicado a oito estatuetas do Oscar, Nolan enfim deve levar uma, e apesar da atuação modesta, Paul Giamatti desponta, agora, como favorito em melhor ator, por “Os Rejeitados”.
Há, dentro e fora da lista recém-divulgada, opções muito mais interessantes, mas espera-se que os votantes sejam seduzidos pela simpatia de Giamatti, um nome muito querido e pouco celebrado na indústria.
Algo semelhante deve acontecer na hora de escolher o vencedor de melhor ator coadjuvante, que tem em sua estatueta o nome de Downey Jr. já gravado, e de fotografia, em que Hoyte Van Hoytema, também de “Oppenheimer”, é o mais forte depois de acumular filmes de guerra e ficção científica, favoritos costumeiros nesta ala, no currículo.
Quem mais uma vez deve ficar a ver navios, no entanto, é Dianne Warren, histórica perdedora do Oscar, agora com 15 canções indicadas. Sua música para “Flamin’ Hot” não deve tirar o prêmio de canção original de “Barbie”, até porque esta é a única estatueta dada como certa para o filme da boneca —acirrada, a disputa está entre “I’m Just Ken” e “What Was I Made For?”, entoada por Billie Eilish.
É interessante notar como algumas categorias lotadas, como canção original, animação e ator coadjuvante, têm em contrapartida prêmios com decisões mornas a tomar. Impedido de concorrer em filme internacional, “Anatomia de uma Queda” deixou a corrida livre para “Zona de Interesse”, por exemplo, e Da’Vine Joy Randolph deve levar outro Oscar em nome de “Os Rejeitados” na pouco empolgante disputa de atriz coadjuvante.
Resta esperar o tique-taque do relógio para ver “Oppenheimer” clarear o céu de Los Angeles com seus homenzinhos dourados, em março.
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Fonte: Uol