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Desta vez não vou reclamar que falta um prêmio que contemple toda a diversidade da TV brasileira, como eu fiz em 2022. A Globo ainda dominaria quase todas as categorias –especialmente neste ano, em que as demais redes abertas lançaram pouquíssima coisa de notável.
Os resultados desta premiação hipotética talvez não fossem muito diferentes dos da 27ª edição do Melhores do Ano, exibida neste domingo pelo Domingão com Huck.
Foi uma cerimônia longuíssima, com três horas e meia de duração –tão ou mais comprida do que algumas entregas do Oscar, e com muito menos categorias.
Como sempre, o clima de festa da firma imperou. Uma confraternização de final de ano entre os funcionários da casa –ou ex-funcionários, já que muitos deles não têm mais contratos fixos e só foram aos Estúdios Globo para a comemoração.
Tampouco houve suspense quanto aos vencedores. A gravação da cerimônia aconteceu na segunda (11), e os resultados vazaram na mesma noite. Todo mundo já sabia quem havia vencido em todas as categorias.
Desde 2021 –ou seja, desde que Luciano Huck assumiu o Domingão– o Melhores do Ano incorpora o prêmio Inspiração, que homenageia ONGs e indivíduos que lutam para melhorar a vida de suas comunidades. Por mais mérito que tenha a iniciativa, acho um equívoco tremendo incluí-la na mesma cerimônia que celebra a programação da Globo.
As causas sociais são um xodó de Huck, mas o lugar delas não é no Melhores do Ano. Cada uma das entidades premiadas mereceu uma pequena reportagem, e os agraciados ainda fizeram lindos discursos no palco. Que, no frigir dos ovos, funcionaram como um breque de mão na cerimônia, tornando-a desnecessariamente longa.
Também faltou humor nesta edição. Paulo Vieira, que já se tornou uma espécie de coanfitrião oficial do prêmio, fez intervenções pontuais e muito engraçadas, mas merecia ainda mais protagonismo. Quando lhe dão espaço, o comediante solta o verbo e faz da Globo seu alvo preferencial, um contraponto muito saudável para uma noite de autocongratulação.
Um ponto positivo do Melhores do Ano de 2023 foi permitir que quase todos os indicados pudessem falar. Isto não acontece no Oscar nem em quase nenhuma premiação famosa, e serve para ressaltar a presença de tantos famosos na plateia.
Quanto ao prêmio em si, foi meio chocante a total exclusão da minissérie “Fim”, o melhor produto da teledramaturgia brasileira de 2023. Talvez ela tenha sido lançada tarde demais para ser incluída no primeiro round de votação, restrito aos funcionários da Globo. Uma pena, pois não poderá concorrer no ano que vem.
Cabe ressaltar também que o Melhores do Ano também virou uma ferramenta de promoção do Globoplay, a plataforma de streaming da Globo. Nada contra: muito do que é lançado lá é de fato melhor do que o canal aberto exibe. E fica uma sugestão: por que não incluir na disputa também os programas do GNT, do Multishow e de outros canais Globo? Afinal, não é “uma só Globo”?
Agora, há algo estranho quando o melhor momento de uma cerimônia de premiação é seu número de encerramento. Ney Matogrosso, aos 82 anos de idade, esbanjou charme e vitalidade cantando ao vivo quatro músicas, mesmo sem ter sido indicado a nada. Talvez nem precise: Ney não é um dos melhores do ano, é um dos melhores do último meio século.
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Fonte: Uol