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Nesta época do ano, um monte de gente enfrenta o drama de precisar comprar espumantes para o fim de ano e não saber nem por onde começar. Entender o que está escrito nos rótulos é um bom começo.
Os termos escritos no rótulo de um vinho, seja ele tinto, branco, rosé ou espumante, trazem várias pistas do que vamos encontrar dentro da garrafa.
O problema é que cada região do mundo tem uma regra própria de rotulagem e classificação de vinhos. No caso dos espumantes, no entanto, para nossa alegria, muitos termos são comuns, porque seguem o padrão de Champagne.
Como o Brasil produz ótimos espumantes, de bom preço, neste segundo texto da série “Aprenda a decifrar os rótulos” decidi dar aqui um dos melhores produtores nacionais, a Família Geisse, do enólogo chileno Mario Geisse.
A vinícola tem ótimos espumantes a partir de R$ 74, mas, para falar sobre os termos do rótulo, é sempre bom escolher um mais sofisticado. Eles têm rótulos com mais termos, palavras que podem aparecer também nos mais simples. Então, vamos entender o que está escrito no rótulo do Cave .Geisse Blanc de Noir Brut (R$ 190).
1 – D.O. Altos de Pinto Bandeira
Uma D.O. é uma Denominação de Origem, uma região especial que produz algo absolutamente original, que só poderia ser feito naquele local. Isso vale para espumante, para vinho e para uma série de outros produtos que dependem de condições locais para serem feitos (no Brasil, há uma D.O. de inhame, por exemplo). Um vinho levar uma D.O. no rótulo quer dizer que ele vem daquela região especial e é feito segundo as regras estabelecidas para a D.O..
A D.O. Altos de Pinto Bandeira é a primeira denominação de origem exclusiva de espumantes da América Latina. Fica nos municípios de Pinto Bandeira (76,6%), Farroupilha e Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com uma altitude de 520 a 770 metros.
Essa D.O. foi criada em 2022. Há todo um processo legal para uma região se tornar uma D.O. Antes da D.O. foi estabelecida a I.P. (Indicação de Procedência) Pinto Bandeira, em 2010. No Brasil, tanto as D.O.s quanto as I.P.s são definidas pela Lei 9.279 de 1996, que segue protocolos internacionais
Por enquanto, apenas quatro vinícolas têm vinhos com direito a usar a D.O. Altos de Pinto Bandeira: Família Geisse, Vinícola Aurora, Valmarino e Don Giovanni. Esses espumantes precisam ser feitos de uvas plantadas só na região delimitada. As uvas permitidas são chardonnay, pinot noir e riesling itálico. O espumante tem sempre de ser feito pelo método clássico (veja abaixo).
Um espumante da D.O . Altos de Pinto Bandeira é, sem dúvida, uma garantia de qualidade extra, mas o Brasil produz grandes espumantes em vários lugares, até mesmo fora do Rio Grande do Sul.
2 – Cave Geisse
É uma das linhas da vinícola Família Geisse, a mais conhecida. Mario Geisse, seu fundador, foi o primeiro a apostar em Pinto Bandeira como um ótimo terroir para espumantes. Em 1976, ele comprou a terra, enquanto ainda era enólogo da Chandon, e fundou a vinícola em 1979.
3- Blanc de Noir
Um espumante branco feito de uvas tintas. No caso, de pinot noir. Este termo vem da França e é usado no mundo todo. Há também o blanc de blanc, quando o espumante branco é feito só de uvas brancas. Em Champagne, e também no Brasil, os espumantes costumam ser feitos de uma mistura de uvas brancas e tintas, por isso vale indicar quando não é assim. Os blanc de noir costumam ser mais encorpados do que os outros espumantes e os blanc de blanc, mais leves.
4 – Brut
Esse termo se refere à quantidade de açúcar que tem no espumante. Um brut é considerado como um espumante seco, mas há mais secos, como o nature e o extra-brut. Segundo as normas brasileiras, os espumantes podem ser: nature (com até 3 g de glicose por litro), extra brut (superior a 3 g até 6 g), brut (entre 6 g a 15 g), seco ou sec (mais de 15 g até 20 g), meio doce, meio seco ou demi-sec (mais de 20 g até 60 g) e doce (mais de 60 g).
Hoje em dia os espumantes classificados como doces são muito raros. No Brasil, fazem muito sucesso os espumantes Moscatel, que na maioria das vezes são demi-sec.
5 – Método Tradicional
Esse termo refere-se ao método de produção dos espumantes. Como vocês devem saber, todo vinho é fruto de uma fermentação alcoólica de uvas. A fermentação é provocada por leveduras. Hoje, essas leveduras podem ser aquelas presentes na casca da uva e no ambiente ou leveduras selecionadas e reproduzidas em laboratório. Em ambos os casos, as leveduras comem o açúcar e produzem álcool e gás carbônico. E morrem quando o nível de álcool chega a um determinado nível.
Na produção da maior parte dos vinhos, o gás carbônico é liberado no meio ambiente. No caso dos espumantes, em algum momento ele é aprisionado para formar as bolhinhas. Há diferentes métodos para se fazer isso. Em primeiro lugar, é bom saber que o espumante pode passar por uma ou duas fermentações.
Hoje em dia, os dois métodos mais comuns usam duas fermentações. São eles o método charmat e o método tradicional (ou clássico). No charmat, a segunda fermentação (que é provocada pela adição de açúcar e mais leveduras) acontece num grande tanque pressurizado chamado autoclave que não deixa o gás escapar. Os espumantes charmat costumam ser mais frescos e descompromissados.
No método tradicional, a segunda fermentação é feita na garrafa. Nesse caso, o vinho costuma permanecer mais tempo em contato com as borras (restos das leveduras), o que confere uma série de aromas muito apreciados em espumantes como brioche, frutas secas e nozes. São espumantes mais estruturados e complexos.
6 – 12% Vol.
Esse é o teor alcoólico. Espumantes costumam ter menos álcool do que outros vinhos.
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Fonte: Folha de São Paulo