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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desaprovou alguns pontos de uma apresentação do CEO da Petrobras (PETR3; PETR4), Jean Paul Prates, sobre uma prévia do novo plano de investimentos da companhia, pedindo maior foco no que pode impactar a economia brasileira, segundo cinco fontes com conhecimento do assunto.
Em uma apresentação de Prates a portas fechadas em 9 de novembro, Lula reclamou que o esboço do primeiro orçamento quinquenal da Petrobras sob seu governo trazia números insuficientes para a indústria naval, em momento em que o governo petista busca reavivar o setor que é grande gerador de empregos, além de prazos muito longos para o segmento de fertilizantes.
“Jean Paul, eu preciso de conteúdo local”, teria dito o presidente, ao reclamar da contratação de fornecedores estrangeiros em detrimento de projetos que poderiam promover a criação de postos de trabalho no Brasil antes do fim de seu mandato, em 2026.
Entre outros desapontamentos relacionados à proposta do plano em elaboração para ser divulgado ao final do mês, Lula defendeu que a Petrobras retome antes obras do setor de fertilizantes, produto que o Brasil tem ampla dependência de importações, embora seja uma potência agrícola.
Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato a pedido de comentário. A Petrobras afirmou que o plano ainda está em elaboração e reiterou que seguirá os elementos estratégicos aprovados pelo seu conselho de administração, em observância às práticas de governança vigentes e ao compromisso com a geração de valor para a empresa.
Lula cobrou, por exemplo, que a Petrobras aumente de quatro para 25 o número de embarcações a serem contratadas no Brasil dentro do plano da subsidiária Transpetro, de acordo com as fontes.
A prévia do plano de negócios incluiu orçamento da companhia para construir plataformas em Cingapura e pagar até 1,3 milhão de dólares por dia para afretar plataformas de petróleo de empresas estrangeiras. Lula defendeu que o mesmo montante seja usado para promover a indústria nacional, segundo uma das fontes.
“O Lula não gostou muito do que viu no plano. Acha que tem que ter mais conteúdo nacional, quer geração de renda, e renda por aqui. É claro que o Jean Paul entendeu o recado e vai de alguma forma atender”, disse uma segunda pessoa próxima com conhecimento do assunto.
Uma terceira fonte disse que a Petrobras tentará incluir o pedido do presidente sobre maior participação da indústria naval do país no plano. “Essa é uma encomenda em prol do desenvolvimento do país”, declarou.
Na última terça-feira, o presidente da Transpetro, subsidiária de transportes e logística da Petrobras, Sérgio Bacci, teve reunião com Lula para discutir o tema. Procurada, a subsidiária da estatal não comentou o que foi discutido.
Outro ponto de desentendimento foi a postergação, no plano de negócios, da conclusão de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados em Mato Grosso do Sul, a UFN 3.
A obra, que parou em 2014 com 83% de construção concluída, seria retomada apenas a partir de 2026, com conclusão prevista para 2028.
Lula cobrou a retomada da obra no ano que vem para conclusão em 2026, seu último ano de governo, segundo uma das fontes.
Uma visita de autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à UFN 3, que marcaria a retomada de planos para a fábrica, foi desmarcada no início deste mês, antes da apresentação do plano preliminar de investimentos a Lula.
Por estatuto, o plano da Petrobras precisa ser aprovado pelo acionista controlador, na figura do ministro de Minas e Energia. Nesta sexta-feira, o ministro cobrou uma redução de preços de combustíveis pela Petrobras.
Além de Lula, Prates e Silveira, estavam na reunião o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Lula defendeu ainda puxar para a fase de execução projetos que seriam incluídos apenas como análise preliminar, sem orçamento garantido.
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Fonte: Notícias ao Minuto